Sol Hatzadikáh: A Heroína Hebréia

Por: Yehuda Benguigui

“…corria o ano de 1834, quando uma virtuosa jovem adolescente, de radiante beleza, chamada Sol, da distinguida família Hatchwel de Tânger, foi vítima de uma odiosa calunia… Este dramático episódio que tem início em uma das ruas da Fonte Nova, onde ela vivia, tem seu epílogo de forma sangrenta, em Fez, a capital do reino… falsamente acusada de heresia…, ao negar-se a renunciar sua fé…, foi decapitada… Com seu ato de coragem sublime, seu nome passou a ser venerado como Sol, a Santa – Sulika la Tzadikáh… sua epopéia gravada na memória de todos os judeus marroquinos e seu mausoléo em Fez, objeto de peregrinação e reverenciamento pelas próximas gerações…”
                                                                        I. J. Assayag (a).

Há exatamente 170 anos, em 1834, ocorreu em Tânger a tragédia da qual emergiu para a posteridade a heroica figura de Sol Hatzadikah (b). 

Tânger nessa época era constituída por uma população de cerca de 7.000 habitantes, com 150 funcionários consulares de diversas nacionalidades européias e soldados da Legião de Honra da França alí estacionados. A população judaica era de cerca de 800 membros, quase todos descendentes dos “Megorashim de Castilla”-   dos expulsados de Espanha de 1492.

Sol, era a filha menor de Haim e Simcha Hatchwel e era conhecida por ser possuidora de rara beleza. Desde os quatorze anos de idade, a beleza de Sol era tão extraordinária, que chamava poderosamente a atenção tanto das pessoas próximas como de estanhos. Consta que inclusive pretendentes entre seus parentes, tiveram acaloradas disputas já que cada um se candidatava a ser o afortunado futuro esposo de Sol, ademais dos jovens mais destacados da cidade.  Os Hatchwel, que residiam no aristocrático bairro tangerino de la “Fuente Nova”, proporcionavam a tradicional educação judaica e se dedicavam sobremaneira  em cuidar de seus filhos e em particular de Sol, que por sua simpatia e beleza era também frequentemente assediada pelos vizinhos árabes sempre que tinha de ausentar-se de sua residência. Por esse motivo, estava sempre sendo cuidadosamente vigiada por sua mãe e instruída a permanecer em sua casa, sempre que possível. Ressentida por esta situação, um dia confidenciou sua  disconformidade ao que caracterizava como isolamento e semi-reclusão a uma vizinha Moura, que considerava amiga e confidente. A vizinha Moura, chamada Tahra Ueld Ladina, aproveitando-se desta confidência, ardilou um plano, que logo o colocou em ação. 

Dentro da seita moura malekita, da qual fazia parte Tahra e sua família, era considerado como um grande princípio Korânico a conversão de “infiéis”- não pertencentes à fé muçulmana. 

Desta forma, Tahra e sua família a aconselhavam insistentemente, dizendo-lhe que sua beleza era tão grande, que deveria mudar de religião e entrar inclusive para a corte real.

A jovem nestes momentos reagia que não queria nem escutar o que a estavam propondo, usando a célebre frase pela qual sua epopéia é frequentemente lembrada e que é parte de seu epitáfio: “…nascí hebréia e hebréia morrerei…”. Mas o fanatismo da família Ladina era tão forte que não exitaram tramar uma intriga que acarretaria a irreparável desdita daquela que lhes dedicava desinteressada amizade.

Os fatos a seguir narrados,se baseiam no relato do Sr. Moyses H. Levy, de Fez, citado por Isaac Laredo, em sua obra “Memórias de un Viejo Tangerino” (c), produto de informes que o mesmo colheu junto a vários Rabinos que escutaram relatos de pessoas que foram por sua vez,  contemporâneos de testemunhas os quais vivenciaram estes tristes acontecimentos.

Tahra e outros membros da família Ladina delataram a jovem ante ao Kadi – Juiz, por haver Sol proferido as “sacrossantas palavras de aceitação da fé muçulmana que precedem à conversão a essa religião”.

Sol então foi convocada a comparecer ante ao Kadi, quem se convenceu depois de um detalhado interrogatório, que Sol Hatchuel não queria abjurar de sua fé, apesar de já haver feito o voto, segundo Tahra.

Assim, o Kadi enviou Sol a presença do Bashá – Governador Civil e Militar de Tanger – quem também insistiu com ela para que abandonasse a religião de seus ancestrais, conquanto “já havia pronunciado os sagrados votos de abjurar sua fé e abraçar a fé muçulmana”, o que Sol negava com todo o seu ser que tal houvesse ocorrido…

O Bashá Sid Elarbí Essaidí, baseado unicamente no testemunho de Tahra, condenou Sol. Nessa época, o tribunal presidido pelo Bashá, funcionava assim: a corte se reunia na porta do palácio, sendo o Bashá sentado no centro, acompanhado de secretários e o pessoal militar encarregado de funções policiais. O condenado tinha que permanecer ajoelhado diante do Bashá. Sol iniciou defendendo-se, dizendo que nunca desejou a conversão- “… os han engañado Señor, contesto la joven Hebrea, yo jamás pronucié semejantes palavras…”(b).

Nada pode conseguir a autoridade principal de Tânger. Diante da situação criada, com grande comoção por parte da família e da comunidade judaica, bem como da população muçulmana que clamava por “justiça”, pois a jovem de fé judaica já havia, segundo estes, abjurado a fé mosaica e feito o voto de aceitar o Alcorão, o que se constituiria no primeiro e irreversível passo,  pelo que o processo tinha que seguir seu curso.

Assim, o Bashá ordenou que Sol fosse recolhida ao cárcere de mulheres até que o mesmo pudesse notificar o Imperador do que estava ocorrendo, e receber as instruções necessárias de Fez, a capital do império.

Foi detida e mantida incomunicável em um catre sem luz e com um colar de ferro em volta de seu pescoço.

Os destroçados pais de Sol, buscando por alguma forma de tentar a liberação de sua querida filha, apelaram aos diplomastas Europeus sediados em Tânger. O vice-consul da Espanha, Don Jose Rico, teve um ativo rol na tentativa de obter a liberação de Sol, mas seus esforços foram infrutíferos. 

Algumas semanas depois, o Bashá recebeu ordem imperial de enviar a condenada à Côrte Suprema de Fez. Com forte escolta, saiu de Tânger a jovem, que pode nessa oportunidade, ser acompanhada por seus familiares mais próximos. O Bashá exigiu que os Hatchwel pagassem pelas passagens de Sol.

Ao chegar no palácio em Fez, o Sultão Muley Abdelrrahman a confiou a uma aia do palácio, Harifa Lala Bani, e depois de consultar a seu “f’kih”- escriba, secretário particular e conselheiro, chamado Ben El Yamani, encarregou a um distinguido clérigo muçulmano de Fez, Ueld Menana, a delicada missão de catequizar a jovem judia.

Sol recusou várias ofertas de converter-se, casar-se com um notável e até mesmo um membro da corte e viver no palácio imperial. Recusava-se a consumir os alimentos que lhe ofereciam. Apelou e conseguiu que seus alimentos fossem proporcionados pelo Grão Rabinato de Fez, através do Shech – Chefe da Hebrá da cidade.

Era parte do processo de catequese e convencimento, a participação de Sol em debates e discussões teológicas. Uma delas, teve lugar no palácio do Sultão. Sol teve que debater com a princesa, nora do Sultão.

Inicialmente, Sol tentou argumentar filosoficamente, rejeitando o debate, argumentando que é natural que as pessoas se apeguem às suas crenças e que seria anti-natural despojá-las desses íntimos sentimentos. A princesa retorquiu que nada é anti-natural, inclusive o uso de força. Sol contestou que um leão domesticado continua sendo um leão. As raízes da árvore determinam a natureza da árvore.  Os conceitos religiosos são conectados a própria alma do indivíduo…A princesa então respondeu que Sol estava afirmando que todas as religiões são iguais. Não, não, Sol disse que simplesmente afirmara que cada pessoa era educada em sua própria fé, e que isso não era culpa de ninguém. Ao final, afirmou Sol, que ambos, Judeus e Muçulmanos buscam a D-us, mas de diferentes maneiras, tentando assim não fazer uma blasfêmia. A princesa e seu séquito rejeitaram todos os argumentos de Sol.

Consta que o Sultão Muley Abdelrrahman tinha bons sentimentos e na verdade queria encerrar essa questão o mais breve possível, sem maiores conseqüências, entregando Sol ao Chacham e Rosh Beith Din – Sábio e Presidente do Tribunal Rabínico, Grand-Rabbin, Rebí  Rephael Hassefarty z’l, que era filho do erudito e tzadik – justo Rebí Eliahu Hassefarty z’l. Ocorre que o assunto era objeto de toda classe de comentários nas rodas e reuniões religiosas muçulmanas públicas e privadas não só na capital do reino, em Fez, mas em Tânger e várias outras cidades do império. Dessa forma, o Sultão se sentiu pressionado a tomar uma decisão, considerando a repercussão do caso como de um sério caráter religioso.

O Sultão então decidiu que o Kadi – Koda – “Juiz dos Juízes” da Corte, Sid Ben Abdel-Hadi, deveria prosseguir com o caso, transformando-o em uma matéria de questão religiosa pessoal.  Os líderes comunitários e chachamim- sábios de Fez foram intimados pelo Kadi – Koda. Este lhes comunicou que já havia sido decidido que caso Sol não se convertesse, seria degolada em praça pública e a comunidade judaica poderia estar em perigo, pela comoção que o fato resultaria: a “blasfêmia” de Sol  junto as hordas e a população em geral.

A comunidade judaica fez de tudo para tentar salvar Sol. Como última tentativa, os chachamim e dignatários da comunidade tentaram induzir Sol a uma pretensa conversão como forma de salvar sua vida e poupar a comunidade de todas as previsíveis conseqüências. Sol, no entanto, recusou-se a aceitar estas ponderações, resignando-se com a pena de morte.

Os chachamim então propuseram à Sol uma argumentação de cinco pontos:
1- A Lei requer que depois de D-us, se respeite ao Rei.
2- O Rei ofereceu asilo à comunidade judaica no Marrocos, portanto merece nosso respeito.
3- D-us tolera e perdoa alguns malvados que existem na face da terra.
4- A comunidade judaica será perseguida e alguns provavelmente morrerão no caso dela não se converter, ou ao menos fazer uma pretensa conversão.
5- Os Rabinos, atuando como Beith Din – Tribunal, deram a Sol uma permissão rabínica para uma pretensa conversão.

Sol não se comoveu com os argumentos e contestou:
1- O Rei, para ser respeitado não pode violar os preceitos de D-us.
2- D-us vai certamente proteger a ela, sua família e o povo de Israel.
3- A glória é alcansada com atos de virtude, o que  inclue atos de martírio pela fé.
4- Os muçulmanos se encherão de um sentimento de vergonha e não tentarão aventurar-se outra vez a campanhas de conversão forçada aos judeus.

Sol recusou-se a considerar ou contestar a última afirmação, pois não podia nem pensar na hipótese de conversão, ainda que pretensa, pois considerava que seria abjurar sua religião e a seus irmãos de fé.

Como última tentativa, Sol foi levada em presença do Kadi – Koda. Este lhe aconselhou paternalmente, que se abjurasse a fé mosaica, poderia viver feliz. Contrariamente, sua cabeça seria separada de seu corpo pelo verdugo.

Estóica e impassível, Sol replicou uma vez mais, que preferia a morte à conversão. O Kadi – Koda depois de várias consultas com os Ulamás – jurisconsultos, decidiu que a condenada deveria ser imediatamente degolada, ato que teve lugar na praça pública principal de Fez em frente ao palácio imperial, que é transversal à entrada do Melah. Como se tratava de um dia de feira, a praça estava lotada. Toda a população de Fez e das localidades próximas. A comunidade judaica, também presente como uma última homenagem a quem já se transformara em uma heroína do judaísmo marroquí.

Sol foi carregada até o local da execução, apesar de que podia caminhar. O verdugo brandiu sua espada tres vezes por cima da cabeça de Sol e as massas de mouros foram ao delírio. Neste momento, Sol pediu para lavar suas mãos – o que lhe foi concedido e ela procedeu a Netilat Yadaim e em seguida, proferiu solenemente “Shemah Israel, Hashem Elokeinu Hashem Echad” – “Ouve Israel o Senhor é Nosso D-us, o Senhor é Único”.

O Sultão tinha esperança de sustar tudo isso e quiçás evitar alvoroço por parte de fanáticos muçulmanos e em conseqüência, um possível massacre à comunidade judaica, da qual se considerava inclusive seu protetor.

Desta forma, instruiu ao verdugo que a execução deveria ser conduzida lentamente e talvez num último momento de desespero a jovem poderia aceitar a conversão e assim colocando fim ao drama sem maiores conseqüências. Assim, o verdugo seguindo estas instruções, fez um leve ferimento em seu pescoço ao invés de proceder à execução. Ao contemplar seu próprio sangue, consta que Sol pronunciou suas últimas palavras: “…muriendo como muero inocente, el Dio de Abraham vengará mi muerte…”. Com estas palavras, o verdugo concluiu sua missão e degolou Sol, para o júbilo das massas fanáticas e desespero dos membros da comunidade judaica presentes no local.

Logo em seguida, os membros da Hebrá Guemilut Hassadim – Sociedade de Socorros Espirituais, que permaneceram estrategicamente cerca do local da execução lançaram-se em busca do corpo, da cabeça de Sol e recolheram toda a terra empapada com seu sangue, colocando tudo rapidamente em um saco de linho e colocando em seus ombros começaram a difícil tarefa de abrir caminho entre a massa ensandecida…Para abrir caminho na curta distância entre a “medina”-praça principal do mercado e o Melah, onde estava o cemitério judaico, tiveram que usar uma estratagema para livrar-se da perseguição do populacho: iam atirando moedas de ouro para a direita, e depois para a esquerda, e assim iam avançando até chegar ao Melah. Consta, que o Melah havia tido seu portão principal fechado por precaução, assim que o desesperado féretro ao aproximar-se do Melah e dando-se conta da situação, tiveram de escalar o muro e içar os restos de Sol com cordas e assim em paz, no interior do Melah, proceder condignamente a cerimônia de enterro de Sol Hatchwel z’l, que só foi possível, graças a coragem do Grão Rabino Rebi Eliahu Hasserfaty z’l.

É interessante, que passados os anos, muitos muçulmanos também passaram a reverenciar “Lalá Sulika”, como também é conhecida, juntamente com os judeus, que visitam com freqüência sua keburah – sepultura, no antigo cemitério israelita do Melah de Féz.

Isaac Yona Laredo transcreve em seu livro os versos em forma cantada da história no original em Espanhol, traduzido ao Português por Abraham Bentes (e,i).

Canção em homenagem, a Sol Hatzadikah

Quando Tahra levantou seu enredo
Condenando a formosa Sol
E lhe fizeram juramento falso
Em presença do Governador

O Governador lhe disse
Esta Moura o que diz de ti
Eu, Senhor, nascí Hebréia
E Hebréia terei de morrer

O Governador a manda
A uma cadeia para ser seduzida
E alí mesmo lhe declara
Que se não for Moura lhe tira a vida.

Adeus, pai e irmão,
Me vou presa em presença do Rei
Eu vos juro que embora implore outras leis
Eu Hebréia terei de morrer

Quando Sol entrou no palácio
Se admiraram ao ver sua beleza
Seu coração encheu-se de tristeza
Porque sua alma já era para D-us.

Não temas formosa Hebréia
Lhe dizia a filha do Rei
Professa a Lei Maometana
E do Príncipe serás mulher.

Eu não quero a Lei Maometana
Eu professo a Lei de Moysés
Que no Monte de Sinai foi dada
Em presença de todo Israel.

O verdugo desembainhou sua espada
Se lhe pôs no pescoço sem ter piedade
E lhe disse: se queres ser Moura
Pensa-o bem pois ainda tens tempo.

Quando Sol viu seu sangue derramado
Deu um suspiro e ao céu implorou
E volvendo o rosto lhe disse
Segue teu ofício infâme e traidor

Oh Rei Mouro que tirano foste
Condenaste a formosa Sol
E quizestes com cruéis tormentos
Atraí-la a tua religião

Pelo mundo se extenda esta História
As Donzelas tenham valor,
Não fiar-se de nenhuma Moura
Para não ver-se como se viu Sol

O autor Isaac Yona Laredo (d, e) relata que como a execução de Sol Hatchuwel teve lugar em Fez no ano hebraico de 5594, ela passou a ser conhecida no Marrocos como Sol Hatzadeket (ou Sol la Sadikah), pois a “guemátria”, o significado numérico desse ano, corresponde justamente a palavra HaTzadeket-A  Santa. Antecedendo a letra He- 5, como milhar, temos: Tzadik- número  90, Dálet representa 4, Kof equivale a 100 e Táf corresponde a 400, somando 594, que ao incluir o He=5, como milhar, perfaz  5594 (e, j).

O autor espanhol Antônio Calle, em 1852, somente dezoito anos depois da terrível sentença de Sol, fez deste acontecimento uma bela obra teatral escrita em forma de drama, intitulada “La Heroína Hebrea”e publicado em Madrid nesse mesmo ano. O Dr. Macé, médico e escritor tangerino, publicou um panfleto de Ópera em versos dedicado a esta heroína, publicado em Tânger, em 1905.

É interessante, que as comunidades judaicas da Amazônia, tem várias conexões com Sulika La Tzadikah. Todavia existe remanescente da família Hatchuwel em Manaus, que recebeu por tradição ter conexão familiar com o mesmo ramo dos Hatchwel de Sol.

Em Maués, existe lápide de membro da família Hatchwel falecido em 1935 (f).

Nos anos 1964-65, o Sr. Albert Serruya z’l, na época Presidente do Clube Bnei Moshé, em Belém-Pará, organizou um grupo teatral com membros do já referido clube e promoveu justamente a peça teatral  traduzida ao Português por Marcos Leão Serruya, a obra de Antonio Calle “A Heroína Hebréia”. O grupo encenou a peça em duas oportunidades. A primeira em Dezembro de 1964 no palco da “Sociedade Artística Internacional” (atual sede da Academia Paraense de Letras).

E a segunda vez em Maio de 1965, na salão do Centro Israelita do Pará, quando o mesmo ocupava a sede na Campos Sales. Dirigidos pelo inesquecível Sr. Albert Serruya z’l, participaram do elenco: Isaac Shalom Dahan, Abraham Isaac Benzecry, José Fima z’l , Myriam Serruya (como Sol na primeira apresentação) e Elka Kabacznik Zatz (representando Sol na segunda exibição), Yehuda Benguigui, Abraham Leão Serruya (atualmente Rabino em Buenos Aires), Simão Isaac Benzecry, Abraham Moyses Benguigui, Ruth Larrat, Marcos Menasséh Zagury (atualmente Rabino em Israel) e vários outros jovens daquela geração. 

O General Bentes nos conta ainda: “…ouvimos dizer, várias vezes, que uma de nossas bisavós, Robida Benassuly z’l, teve a grande Mitzvah – boa ação, de haver visitado e levado alimentos para Sol Hatzadikáh, quando a mesma se encontrava encarcerada na prisão de Tânger” (e), fato também citado por Reina Serruya z’l (k).

Sulika la Sadikah está enterrada no cemitério de Fez, próximo das sepulturas do Grão Rebi Abner Hassefarty z’l e do Rebí Yehuda BenAthar z’l, conhecido como “Rebí El – Kbír”- “O Grande Rabí”. Diz a tradição, que a força espiritual existente neste local, entre estas três keburót é de tal magnitude, que a “Shechinah”- a Presença Divina, paira neste local. Por isto, é comum encontrar-se visitantes ou peregrinos “meldando”- rezando, Tehelim – Salmos, em profunda kavanáh – concentração- neste local (g, h).


Bibliografia consultada:

a- Assayag, I. J. – “Tanger…Regards sur le passé…Ce qu’il fut”- Tânger, Marrocos, 2000.
b- Serels, M. Mitchell – “A History of the Jews of Tangier in the Nineteenth and Twentieth Centuries”, Sepher-Hermon Press Inc, Brooklyn, NY, USA, 1991.
c-  Laredo, Isaac – “Memorias de un Viejo Tangerino”, Editions La Porte, C.
     Bermejo, Madrid, Espanha, 1935.
d- Ben Naim, Yossef –  “Malchei Rabanán”, Harav Yamin Avichazer, Jerusalém,
     Israel, 1980.
e- Bentes, Abraham Ramiro –  “Primeira Comunidade Israelita Brasileira-
     Tradições, Genealogia, Pré-História”- Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1989.
f- Benchimol, Samuel – “Eretz Amazônia- Os Judeus da Amazônia”, Editora
Valer, Manaus, Amazonas, Brasil, 1998.
g- Ben-Ami, Issachar – “Saint Veneration Among the Jews in Morocco”- Wayne State University Press, Detroit, MI, USA, 1998.
      h-  Sar-Shalom, Rav Shimon – “Chochmey Maroco”- Edições Atifa, Jerusalém,     
           Israel, 1993.
i –  Kenbib, Mohammed – “Juifs et Musulmans au Maroc 1859 – 1948”,
Université Mohammed V, Rabat, Marrocos, 1994.
       j- Toledano, Joseph – “La Saga des Familles: les Juifs du Maroc et leurs noms”,
         Editions Stavit, Tel Aviv, Israel, 1983.
      k- Serruya, Reina – “Filhos de Quem Somos- Minha Vida e Minha Família”,
         Gráfica Supercores, Belém, Pará, Brasil, 2000.